Há 15 anos, a Comunitas acompanha o perfil do investimento social corporativo no Brasil e, neste período, pudemos registrar transformações relevantes na atuação social das empresas. Vivenciamos uma forte qualificação dos executivos e gestores sociais corporativos e uma preocupação crescente com a mensuração de resultados das iniciativas.
Em termos de volume de investimento, a pesquisa BISC observou uma razoável oscilação relacionada à conjuntura econômica, porém, mesmo em tempos de recessão, as empresas demonstraram um esforço na manutenção de suas ações e o volume de recursos ficou acima dos R$2 bilhões por ano. Tal montante é composto majoritariamente por recursos privados, já que os incentivos fiscais representam cerca de um quarto do total anual.
Em análise retrospectiva das mudanças na condução do investimento social, nos últimos anos, o BISC sinalizou em 2019 que o seu sucesso está cada vez mais atrelado aos seguintes requisitos:
- estímulo à participação dos diversos atores envolvidos;
- garantia da flexibilidade necessária para acompanhar as mudanças da sociedade e para incorporar novas tecnologias;
- adoção de metodologias capazes de gerar resultados objetivos;
- alinhamento estratégico aos negócios;
- alinhamento a agendas públicas nacionais e internacionais.
Tais aspectos de sucesso apontados, no ano anterior à pandemia, se mostraram fundamentais durante a crise sanitária. O setor privado foi ágil e demonstrou flexibilidade para lidar com o período emergencial, ampliou os valores de investimento destinados à área social em 95%, fortaleceu as áreas mais impactadas como saúde, assistência social e segurança alimentar, estabeleceu parceria com outras empresas do mesmo setor e/ou de sua cadeia de suprimentos e amplificou a transferência de recursos para a sociedade civil, apostando – acertadamente – na capacidade das organizações sociais de escuta e de entrega ajustada às demandas locais.
Enfim, na busca pela ampliação do impacto e a geração de valor social, o investimento social corporativo teve seu papel consolidado de diferentes maneiras. Enquanto nos anos 90 e início dos anos 2000 a iniciativa privada se dedicava a ações mais pontuais e assistenciais, com o tempo, um número cada vez maior de empresas passou concretizar suas ações na direção do:
- fomento e da viabilização de inovação social;
- do fortalecimento da sociedade civil;
- da promoção do desenvolvimento sustentável;
- colaboração com políticas públicas.
Com a missão de qualificar o investimento social privado no Brasil, celebramos o saldo positivo dos avanços, reconhecemos o imenso desafio social que temos pela frente e seguimos com o propósito de estimular e disseminar boas práticas no S do ESG*.
*A sigla ESG vem do inglês (Environmental, social and Governance) e refere-se ao equilíbrio dos aspectos ambiental, social e de governança na gestão dos negócios de uma empresa.
Patrícia Loyola,
Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas
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