A importância do investimento social privado na Educação, segundo o BISC

Apesar dos desafios, a pandemia trouxe grandes aprendizados na realização dos investimentos sociais corporativos

O surgimento da pandemia trouxe não só grandes desafios ao país, mas também oportunidades de aprendizado. A crise sanitária reforçou o alinhamento da atuação social das empresas às políticas públicas.



Para além do cenário de desestabilização econômica do Brasil, também é necessário avaliar a gestão da crise na área da Educação. Com a necessidade de fechar as escolas como medida de contenção do vírus, o impacto no aprendizado dos estudantes foi imensurável, tanto do ponto de vista educacional, como no alastramento da insegurança alimentar – visto que, para inúmeros estudantes da rede pública de ensino, a alimentação na escola era a única das poucas garantias de acesso à comida.  

De acordo com um documento publicado em fevereiro de 2021 pelo Banco Mundial, o impacto da pandemia na Educação seria mais fortemente sentido nas regiões da América Latina e Caribe. A instituição apontou que cerca de 120 milhões de crianças da área já haviam perdido, ou corriam o risco de perder, um ano letivo de educação presencial e, como resultado, a pobreza de aprendizagem poderia ter subido de 51% para 62,5% entre crianças de 10 anos de idade.

Aqui no Brasil, no último mês de março, o Governo de São Paulo divulgou os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), através da Secretaria Estadual de Educação (Seduc-SP). E a conclusão é que estamos diante da maior queda da série histórica de aprendizagem, iniciada em 2010.


Dentre os 642 mil alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental, e da 3ª série do ensino médio da rede estadual, o 5º ano teve a maior queda em 2021. Em língua portuguesa, o aluno que está no 5º ano tem a mesma proficiência de um estudante do 3º ano do ensino fundamental.

A crise de aprendizagem é uma realidade que precisa ser medida e, na sequência, implementar ações de correção, criando um plano para a recuperação da gigantesca defasagem que se construiu ao longo da pandemia. Nesse ponto, também é necessário levar em consideração as desigualdades sociais do país que retroalimentam déficits educacionais e contribuem para a reprodução da pobreza intergeracional.

Investimento Social em Educação

Com esse contexto, o apoio do setor empresarial do país pode fazer toda diferença nesse momento de recuperação da defasagem educacional. Ao longo das últimas edições do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), algo que chamou a atenção foi que os investimentos corporativos direcionados à Educação eram estáveis, com mediana de R$ 1 bilhão por ano desde 2016. Outro fato a ser observado é que, em 2019, 86% das empresas possuíam projetos relacionados à área. A guinada veio, justamente, com a crise sanitária.

No comparativo entre as edições do BISC de 2020 e 2021 (que analisaram dados de 2019 e 2020, respectivamente), o foco das empresas em 2020 recaiu sobre a área de Saúde, com toda a rede tendo respondido que atuou nesta área naquele ano. Como consequência, a Educação saiu dos principais holofotes da atuação social corporativa: 64% da Rede atuou nesta área em 2021, ao contrário de 86% da Rede em 2020. Já no que concerne à distribuição dos aportes financeiros por área de atuação, mesmo com a emergência das ações em Saúde, o montante de recursos investidos pelas empresas e seus institutos/fundações se manteve no mesmo patamar que no ano anterior.

Segundo Patrícia Loyola, diretora de Investimento Social da Comunitas, os investimentos sociais corporativos (ISCs) na área da Educação sempre foram priorizados pela Rede BISC e mais do que nunca se mostra importante para a recuperação dos déficits de aprendizagem. 

Desde 2017, o BISC identificou que a Educação foi a área de atuação em que 67% das empresas mais buscam alinhar seus investimentos sociais às políticas públicas. Também é nela em que há maior disposição de as empresas contribuírem com políticas públicas no campo social. 38% das empresas assinalaram “disposição muito alta” e 54% assinalaram “disposição alta” para contribuir com políticas na área da Educação naquele ano. 

Em 2021, o BISC apontou que 82% das empresas da rede desenvolvem ações e projetos na área da Educação em observação ao cumprimento do ODS 4 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que faz referência ao acesso integral à Educação de qulidade) da Agenda 2030 da ONU. 


Dessa forma, Loyola também analisa que, na área da Educação, a atuação social dos institutos/fundações empresariais e, principalmente, das empresas, pode estar mais alinhada às políticas públicas por meio de apoio à gestão pública em diversas frentes: apoio à estruturação e implementação da nova base curricular do fundamental e do ensino médio, implementação/ampliação do ensino em tempo integral, formação de professores/educadores, equipe pedagógica e gestores escolares, apoio ao uso de novas tecnologias/materiais didáticos, apoio em infraestrutura, apoio à gestão pedagógica e administrativo/financeira em secretarias estaduais e municipais de educação.

Segundo dados do BISC 2021, figuram entre as principais prioridades no investimento social corporativo em Educação as etapas do ensino básico: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.


Sobre o BISC 

Realizado desde 2008, o BISC envolve uma rede de empresas, institutos e fundações. O objetivo da pesquisa, que tem periodicidade anual, é contribuir para o desenvolvimento, aperfeiçoamento da gestão e a avaliação dos investimentos sociais corporativos no Brasil. Na edição 2021, os dados compilados tiveram a participação de 324 empresas e 17 institutos/fundações.

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