1. Tendência dos investimentos sociais da Rede BISC
Os investimentos sociais corporativos em 2020 foram marcados, majoritariamente, pelas ações de enfrentamento à COVID-19. As empresas reforçaram seu papel social e de apoio ao interesse público, mobilizando esforços e recursos em busca de atenuar os impactos sociais, econômicos e de saúde pública causados pela pandemia. Desta forma, em 2020 as empresas investiram R$ 5 bilhões, o que representa um aumento maior que 95%, em relação à 2019.
Destes R$ 5,0 bilhões, 47% dos investimentos sociais corporativos foram alocados exclusivamente em ações de enfrentamento à COVID-19, ou seja, cerca de R$ 2,4 bilhões. Portanto, pode-se dizer que o ano de 2020 foi um outlier no que se refere à série histórica da pesquisa. Sem os recursos exclusivos direcionados à pandemia, o aumento em relação a 2019 seria de 3%, mesmo em um período com cenário econômico desfavorável.
2. Trajetória dos investimentos realizados pelas empresas e por seus institutos
As empresas e institutos/fundações demonstraram comportamentos distintos. O crescimento dos investimentos sociais dos institutos/fundações seguiu a tendência de aumento e subiu 11% em relação a 2019. Diferentemente, as empresas que vinham apresentando reduções no período 2015-2018, e voltaram ao patamar dos institutos em 2019, em 2020 mais do que dobraram os investimentos sociais, com um aumento de 114% em relação ao ano anterior.
OBS: esta série histórica não considera os valores alocados em bens e serviços.
Desconsiderando os recursos destinados ao enfrentamento à COVID-19, as empresas investiram cerca de 13% a mais do que os institutos em 2020, e 8% a mais do que em 2019. Neste mesmo cenário, os institutos apresentaram uma queda de 9% nos investimentos sociais em 2020, quando comparados com 2019.
3. Composição dos investimentos sociais na Rede BISC
O enfrentamento à pandemia, refletiu na distribuição dos investimentos sociais. Houve um aumento de 4 p.p na participação da empresa na composição dos recursos financeiros alocados, ao passo que os institutos tiveram uma queda de 20 p.p.. Esse comportamento não chega a surpreender considerando a maior estabilidade orçamentária dos institutos que, historicamente, demonstram estarem menos sujeitos às variações conjunturais. As empresas, portanto, lograram ampliar significativamente seus recursos, dedicando-os à mitigação dos impactos sociais da COVID-19, ao passo que os institutos mantiveram e/ou ressignificaram seus orçamentos às ações emergenciais. Algo a ser destacado é o aumento considerável e inédito na série histórica do BISC, da participação dos bens e serviços na composição dos ISC.
4. Percentual de empresas que ampliaram ou reduziram seus investimentos sociais, entre 2019 e 2020
Entre 2019 e 2020, quase a totalidade da Rede BISC ampliou seus investimentos sociais (92%). A maioria dos institutos ampliou seus investimentos (63%), ainda que a participação dessas organizações no ISC total tenha caído, em detrimento do grande volume de recursos aplicados pelas empresas – conforme mencionado no item 3 deste capítulo. Isoladamente, as empresas apresentaram uma ampliação 80% em relação a 2019.
5. Proporção dos investimentos sociais na receita e nos lucros das empresas
Em 2020 todos os indicadores de desempenho do investimento social, com base na realidade financeira da Rede BISC, apresentaram grande recuperação quando comparados a 2019 – naquele ano, particularmente os indicadores que relacionam o total investido social ao lucro bruto (LB) e ao lucro líquido (LL) acusaram forte queda, sendo os menores de todo o período analisado pelo BISC. Essa melhoria de desempenho do investimento social acompanhou a melhora no desempenho financeiro das organizações, mesmo no cenário pandêmico. Ainda que essa recuperação tenha ocorrido, não há espaço para acomodação, isso porquê, à exemplo, a mediana da proporção dos investimentos sociais no lucro bruto de 2020 (0,91%), nosso principal indicador de benchmarking internacional, retornou aos patamares de 2015 e 2017.
6. Benchmarking Internacional
A proporção do lucro bruto (LB) destinada aos projetos sociais tem sido utilizada, pelo BISC e pelo CECP, para comparar o padrão dos investimentos sociais no Brasil e nos Estados Unidos. Desde 2007, os resultados observados revelam que na maior parte desse período o padrão brasileiro esteve empatado, ou na frente, do norte americano.
No ano de 2020 a Rede BISC apresentou melhora no desempenho deste indicador (0,91%), em relação a 2019 (0,53%), equiparando-se novamente aos padrões internacionais (0,90%). Oscilações na conjuntura econômica brasileira ajudam a entender a alta variação deste indicador ano a ano.
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