Como a iniciativa privada pode apoiar a gestão pública em eventos climáticos extremos

O setor privado desempenha um papel crucial no auxílio ao poder público diante dos desafios das mudanças climáticas, concentrando esforços na construção de resiliência urbana frente aos impactos de tais eventos

Imagens aéreas após chuva na Zona Norte do Rio de Janeiro. Crédito da Imagem: G1

No último final de semana (dias 13 e 14), a capital fluminense foi atingida por um forte temporal que, segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, registrou o índice histórico de quase 260 milímetros em 24h. As chuvas causaram grandes impactos, como danos à infraestrutura, mobilidade urbana e deslizamentos. Além disso, o município contabiliza 12 mortes e 600 pessoas desabrigadas (até o momento). 

Eventos climáticos como estes estão se tornando cada vez mais frequentes. Basta lembrar das tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul em setembro de 2023, e os temporais do Recife (PE), em maio de 2022. Em ambas as ocasiões, os resultados foram tão intensos quanto no Rio de Janeiro este ano.  

O aquecimento global já impacta o Brasil e o mundo, refletindo-se em eventos climáticos extremos, como tempestades e secas intensas. Nesse contexto, a resiliência urbana vem ganhando espaço dentro do Investimento Social Corporativo (ISC).

Aumento do investimento social destinado para desastres climáticos

A última edição da Pesquisa BISC revelou que existe a expectativa de que algumas pautas ainda emergentes para o ISC se fortaleçam nos próximos anos. O principal destaque foi para a questão climática, seja na frente de apoio emergencial diante de desastres, ou em frentes de conservação, adaptação e resiliência. 

Este movimento relaciona-se com a construção da capacidade das organizações em destinar recursos para o apoio emergencial na pandemia e a ocorrência cada vez mais frequente de desastres climáticos. Em 2020, por exemplo, no primeiro ano da crise sanitária, 25% da Rede BISC declarou direcionar recursos para ações de apoio emergencial. Já em 2023, 77% do grupo relatou o mesmo – uma variação de 52 pontos percentuais.

Momento de reposicionamento estratégico 

O momento atual do setor corporativo é de um intenso processo de reposicionamento estratégico das empresas, diante da importância crescente de aspectos ESG no campo empresarial e da aproximação do ano-prazo de 2030 para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Embora o investimento social não tenha a capacidade de atuar com o mesmo impacto e na dimensão que a questão exige, o ISC pode contribuir para fortalecer o investimento público e as capacidades estatais. Nesse contexto, o ProMorar, maior programa de requalificação e resiliência urbana da história da capital pernambucana, traz alguns aprendizados de como o  ISC pode atuar em parceria com a gestão pública frente a desastres climáticos.

O ProMorar surgiu em um momento de fortes chuvas em 2022, que causaram alagamentos e deslizamentos, deixando 70% do município debaixo d´água, mais de 6 mil pessoas desalojadas e 126 óbitos. O projeto conta com um investimento estimado em R$ 2 bilhões, captados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além do apoio de diversas organizações do setor privado. 

Como a iniciativa privada pode apoiar governos

Chuvas no Recife em 2022 – Crédito da Imagem: Diário de Pernambuco

Durante o evento de lançamento do BISC 2023, a Secretária de Captação de Recursos da Prefeitura do Recife e Coordenadora Geral do Programa ProMorar, Beatriz Carneiro Menezes, destacou os principais aprendizados, oriundos da experiência do ProMorar, para que a iniciativa privada possa apoiar o setor público em desastres climáticos:

  • Alinhar o desejo de apoiar com as demandas urgentes do poder público – Em tempos de crise, fornecer apoio logístico desempenha um papel fundamental, muitas vezes sendo mais benéfico do que doações de bens e serviços – que, em alguns casos, podem gerar mais dificuldades do que soluções. 
  • Apoiar o setor público com projetos de captação de recursos – Diversas prefeituras, principalmente as de menor porte, não têm nem tempo e nem dinheiro para elaborar projetos, o que torna a captação de recursos inviável junto a grandes bancos ou fundos. As empresas podem apoiar entes públicos com expertise para captar as verbas necessárias para a execução de obras;
  • Alinhar os interesses do investimento social às políticas públicas – É uma relação de ganha-ganha para ambos os lados. A administração pública pode se beneficiar  do setor privado para ter capilaridade. 

Ao analisar a experiência do ProMorar, é necessário salientar a importância da colaboração entre os setores público e privado para enfrentar os desafios decorrentes de desastres climáticos. 

A necessidade de alinhamento de interesses, coordenação de esforços e compartilhamento de conhecimento despontam como elementos fundamentais na construção de respostas efetivas em momentos de emergência, especialmente considerando a atual perspectiva da crise climática como uma ameaça civilizacional, cujos impactos já se fazem sentir nesta geração. 

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