VIII. O CENÁRIO ESG NA REDE BISC

31. A estratégia orientada pelas diretrizes ESG

O BISC compreende os fatores ESG enquanto indicadores/critérios não econômico-financeiros capazes de materializar se uma empresa se debruça e age a partir da sustentabilidade no tocante a seus negócios. São compostos pelas variáveis Governança, Social e Ambiental (ESG, em inglês) e demandam, por sua vez, uma visão sistêmica e integrada do que se é feito nas empresas e que contemplam essa tríade, ao passo em que revela como o G, S e A afetam e se refletem no desempenho econômico das organizações*. De toda a forma, as definições sobre ESG e ao que servem, ainda geram muito debate, apresentando diversas explicações. No âmbito da pesquisa, optou-se por acompanhar a perspectiva do Pacto Global**, pioneiro nas discussões e alinhada à perspectiva de interseccionalidade entre estes três pilaras.

Ainda assim, pode-se dizer que os fatores ESG são uma evolução em termos técnicos, de modelagem e análise do que foi a sustentabilidade empresarial até agora. Contudo, quando estes aspectos sociais, ambientais e de governança são aprofundados e, só então, vistos em perspectiva e de maneira integrada, possibilitam que o mercado vislumbre o reflexo de práticas sustentáveis no desempenho econômico das organizações. Diversos estudos corroboram com a constatação da relação positiva e significativa entre os indicadores de desempenho ESG e desempenho financeiro, seja no curto, médio e longo prazo, tanto no cenário global quanto e principalmente nos mercados emergentes***.

Deste modo, a pesquisa BISC levantou preliminarmente junto à Rede de empresas e institutos/ fundações, o status interno desse movimento. É possível constatar que a grande maioria já está atenta e operacionalizando a agenda, na medida em que 73% da Rede BISC já incorporou os princípios e padrões ESG em suas estratégias de atuação. Ainda assim, vale ressaltar que as empresas, não só os parceiros do BISC, têm implementado, ao seu tempo, os padrões ESG – por isso não surpreende que em 2021 27% das empresas e institutos/fundações estão em processo de incorporação da agenda em nível estratégico. Para além, pode-se afirmar que o fatores ESG, mesmo em diferentes estágios, são unanimidade na Rede BISC.

A partir disso, também não surpreende que 64% das empresas já incorporam os indicadores ESG em seus relatórios de sustentabilidade, ou similares. E mesmo aqueles que ainda não o fazem, tem o interesse de incorporá-los num futuro próximo.

* Para aprofundamento, acessar:

  1. AMEL-ZADEH, Amir; SERAFEIM, George. Why and how investors use ESG information: Evidence from a global survey. Financial Analysts Journal, v. 74, n. 3, p. 87-103, 2018.
  2. FRIEDE, Gunnar; BUSCH, Timo; BASSEN, Alexander. ESG and financial performance: aggregated evidence from more than 2000 empirical studies. Journal of Sustainable Finance & Investment, v. 5, n. 4, p. 210-233, 2015.
  3. KOTSANTONIS, Sakis; PINNEY, Chris; SERAFEIM, George. ESG integration in investment management: Myths and realities. Journal of Applied Corporate Finance, v. 28, n. 2, p. 10-16, 2016.
  4. VAN DUUREN, Emiel; PLANTINGA, Auke; SCHOLTENS, Bert. ESG integration and the investment management process: Fundamental investing reinvented. Journal of Business Ethics, v. 138, n. 3, p. 525-533, 2016.
  5. VERHEYDEN, Tim; ECCLES, Robert G.; FEINER, Andreas. ESG for all? The impact of ESG screening on return, risk, and diversification. Journal of Applied Corporate Finance, v. 28, n. 2, p. 47-55, 2016.

** A definição encontrada no site do Pacto Global é: “o ESG é um índice que avalia as operações das principais empresas conforme seus impactos em três eixos da sustentabilidade – o Meio Ambiente, o Social e a Governança. (…) O critério de Meio Ambiente vê como a companhia atua na gestão da natureza. O Social examina se a organização viola direitos humanos universais, monitorando as relações da empresa entre trabalhadores, os fornecedores e as comunidades onde atuam. Já a avaliação da Governança envolve práticas de gestão empresarial ligadas ao combate à corrupção e ao compliance”. Disponível em: https://www.pactoglobal.org.br/noticia/42

*** Para aprofundamento, acessar:

  1. -ALEXANDRINO, Thaynan Cavalcanti. Análise da relação entre os indicadores de desempenho sustentável (ESG) e desempenho economico-financeiro de empresas listadas na B3. 2020. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
  2. FERNANDES, José. LINHARES, Heloísa. (2017). Financial Performance of ESG Investments in Developed and Emerging Markets. SSRN Electronic Journal. 2018. doi:10.2139/ssrn.3091209
  3. FRIEDE, Gunnar; BUSCH, Timo; BASSEN, Alexander. ESG and financial performance: aggregated evidence from more than 2000 empirical studies. Journal of Sustainable Finance & Investment, v. 5, n. 4, p. 210-233, 2015.

32. Os reflexos intraorganizacionais dos fatores ESG

A fim de manter o engajamento de seus colaboradores na agenda ESG, é necessário que as organizações a institucionalizem por meio de suas diretrizes oficiais. Portanto, o BISC levantou se os parceiros da pesquisa possuem uma política interna para atrelar a remuneração variável de seus executivos ao desempenho ESG de suas organizações – tendência identificada pela Comunitas nos fóruns internacionais de discussão que participa. Nesse sentido, 46% da Rede BISC já atrela a remuneração ao desempenho ESG, ao passo que apenas 8% não têm o interesse de incorporar tal política. Não obstante, é perceptível que este ainda é um movimento novo para as empresas brasileiras – 45% da Rede BISC não possui essa informação.

 

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