Embora não seja mais novidade para a maioria das empresas, as práticas de responsabilidade ambiental, social e de governança representam uma transformação e disruptura em como as organizações passaram a fazer negócios. A Agenda ESG, portanto, despontou como uma grande tendência e tem sido uma importante e necessária resposta corporativa frente aos desafios da sociedade contemporânea. Quer aprender mais sobre ESG? Então continue lendo a matéria!
O que você vai encontrar neste artigo?
- 1 – O que é ESG?
- 2 – Como surgiu?
- 3 – A relação entre ODS e ESG
- 4 – ESG: entendendo o significado das letra
4.1 – E (Enviromental – Ambiental)
4.2 – S (Social)
4.2.1 – Desafios da atuação social da “porta para fora”
4.3- G (Governance – Governança) - 5 – Vantagens de implementar a Agenda ESG nas empresa
- 6 – Boas práticas
6.1 – Ambiental
6.2 – Social
6.3 – Governança
O que é ESG?
A sigla ESG significa Environmental, Social and Governance e refere-se ao equilíbrio dos aspectos ambiental, social e de governança na gestão dos negócios de uma empresa. A expressão, portanto, serve para designar todas as ações empresariais que visam reduzir seus impactos negativos na sociedade como um todo, seja fazendo movimentações para mitigar os efeitos do negócio no meio ambiente, ou apoiando o desenvolvimento das comunidades próximas às companhias.
Entretanto, a Agenda ESG não se aplica apenas à mitigação de riscos, mas, principalmente, à geração de valor. E, nesse aspecto, quando uma empresa implementa uma estratégia ESG bem fundamentada, ela consegue ampliar margens de lucro e ainda aumentar sua reputação perante seus principais stakeholders.
Como surgiu?
Na verdade, a Agenda ESG não surgiu em uma empresa, exatamente. O conceito começou a ser abordado inicialmente pelo mercado financeiro como uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geravam nos resultados corporativos. Entretanto, a sigla começou a ser adotada ainda em 2004, dentro do grupo de trabalho do Princípios do Investimento Sustentável, rede ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) que tem o objetivo de convencer empreendedores sobre investimentos sustentáveis.
A relação entre ODS e ESG
Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), um Pacto Global proposto pela ONU visando a preservação do meio ambiente e a melhoria na qualidade de vida de toda a população mundial até 2030, inspiram a Agenda ESG e essa relação com os negócios está presente nas grandes empresas. Tanto que 83% das corporações que fazem parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) no país possuem processos de integração dos ODS às estratégias, metas e relatório de resultados de seus negócios.
A partir do surgimento da Agenda ESG, houve uma guinada na forma que as empresas fazem negócio. Se antes o único objetivo corporativo era a geração de lucro para seus acionistas, o que vem ganhando força atualmente é a geração de valor para todos os atores interessados na empresa, os chamados stakeholders (as partes envolvidas em toda cadeia de produção de uma empresa, como fornecedores, consumidores e comunidades no entorno, por exemplo), dando origem ao capitalismo de stakeholders – mas isso é uma outra conversa.
A Comunitas promoveu um encontro com executivos sociais e representantes da academia para debater as relações entre ESG, ODS e investimentos sociais corporativos. Saiba como foi aqui.
ESG: entendendo o significado das letras
Agora que você já sabe o que é ESG, o seu histórico, bem como a relação existente com os ODS, vamos aprofundar o que significa cada letra da sigla?
E (Environmental – Ambiental)
Responsabilidade ambiental é um critério que impacta positivamente o planeta, a sustentabilidade dos negócios e o futuro das empresas, principalmente em uma sociedade que tem cobrado cada vez mais ações em prol do meio ambiente, em especial devido à mudança climática que o mundo vem enfrentando.
A letra E da sigla engloba tudo o que diz respeito à conservação e à redução de impactos negativos ao meio ambiente, por meio da implementação de iniciativas que visem:
- Redução do aquecimento global e da pegada de carbono;
- Redução da poluição do ar e das águas;
- Promoção da gestão hídrica;
- Desmatamento zero;
- Eficiência energética;
- Preservação da biodiversidade;
- Gestão de resíduos sólidos
Para guiar essas ações é que foi assinado, em 2015, o Acordo de Paris, que marca o compromisso de 195 países para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, que é liberado na atmosfera a partir da queima de combustíveis fósseis. O tratado prevê o compromisso de manter o aquecimento global bem abaixo de 2˚C em relação aos níveis pré-industriais, mas, ao mesmo tempo, fazer esforços para limitar esse aumento da temperatura média a 1,5˚C.
O mundo já testemunha cerca de 1˚C de aumento da temperatura média e está se encaminhando para esgotar o orçamento de carbono para um cenário de 1,5˚C até 2030. Por isso, são urgentes as medidas que priorizem a implementação de uma economia verde, mais sustentável e a criação de um Mercado de Crédito de Carbono no país.
S (Social)
Cerca de 94% dos ODS dizem respeito às questões de direitos humanos. Portanto, não é de se admirar que seja um enorme desafio para as empresas internalizar as questões sociais no core (centro) das suas estratégias de negócios.
A letra S gira em torno da relação entre os diversos stakeholders envolvidos na cadeia de produção de uma empresa, que pode implementar iniciativas que visem impactar, também, a vida desses atores.
E esses atores esperam cada vez mais que as organizações considerem o impacto das questões sociais em seus modelos de negócios, operações e por meio de suas cadeias de valor. O escopo em que as empresas podem atuar no S é bastante amplo e, por isso, é tão desafiador. Dentre as temáticas em que uma corporação pode atuar, podem-se destacar:
- saúde e segurança;
- engajamento e satisfação dos funcionários;
- povos e comunidades indígenas;
- diversidade, equidade e inclusão;
- educação e geração de emprego e renda.
Essas duas siglas (ODS e ESG) têm provocado um maior envolvimento das empresas como um todo nas questões sociais. Esse fato abre um caminho para o Investimento Social Privado (ISP) e, ao longo das quase duas décadas em que a Agenda ESG aportou no mundo, já foi possível notar uma aproximação e um diálogo entre os movimentos de responsabilidade social e as organizações.
Desafios da atuação social da “porta para fora”
“Da porta para dentro”, a atuação social de uma empresa é muito mais simples de ser implementada, visto que é realizada junto aos próprios funcionários e colaboradores da cadeia de produção. Dessa forma, é possível garantir a diversidade, respeito aos direitos trabalhistas e salários dignos, bem como engendrar iniciativas visando a igualdade de gêneros, por exemplo.
“Da porta para fora” é onde está o verdadeiro desafio da atuação social de uma empresa. E essa expressão se refere às ações que uma corporação desenvolve junto às comunidades do seu entorno, bem como às decisões tomadas em prol da sociedade. Para guiar as empresas em seus projetos externos foi que o Instituto Ethos, uma organização social com 24 anos de história e que visa apoiar as companhias com seus desafios de responsabilidade social, criou o documento “Agenda de Compromissos Empresariais pelo Desenvolvimento Territorial Sustentável”.
Pode até parecer irrelevante, mas o fato é que, atualmente, as empresas precisam, também, da “licença social para operar”. Isto é, a companhia deve ter a aprovação e o apoio da comunidade para poder se inserir na região. Embora não seja um documento formal, como a licença ambiental, a validação comunitária é igualmente importante.
É necessário, portanto, que a empresa dispa-se de uma visão “colonizadora”, de que a sua atuação transformará a realidade local, e busque entender as demandas, expectativas e necessidades daquela comunidade para, assim, poder planejar sua operação de forma que seja vantajosa para o seu entorno, agindo em prol da população e do desenvolvimento local.
Afinal, as comunidades já contam com seus atores locais e movimentos de base, que também atuam pelo desenvolvimento social e econômico desses territórios. E, devido à proximidade com a população, têm um melhor entendimento das ações que precisam ser implementadas.
G (Governance – Governança)
O tripé ESG trata-se da concretização de uma governança que perpassa por uma responsabilidade compartilhada entre todos os setores da sociedade. A Agenda não traz apenas resultados corporativos, são resultados para o mundo.
Mas, afinal, o que é governança corporativa na prática?
De forma simples, a governança corporativa pode ser definida como um conjunto de ações a serem adotadas para fortalecer a cultura da empresa e o controle dos processos internos, mantendo sua responsabilidade, ética e compliance (conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares) com o objetivo de evitar práticas desleais, posturas inadequadas, fraudes e até corrupção.
A governança corporativa é transversal aos demais pilares da sigla ESG, bem como a todos os demais processos, operações e políticas da empresa. Assim, é possível garantir que tudo ocorra em conformidade com as regras e valores do negócio e de acordo com as normas vigentes em um país.
Como consequência, a governança gera inúmeros impactos positivos na organização em si. Dentre essas vantagens, vale destacar:
- Evitar escândalos;
- Minimizar fraudes;
- Melhor gerenciamento de riscos;
- Valorizar a imagem da marca;
- Atrair investidores;
- Gerar aumento de valor da empresa.
Vantagens de implementar a Agenda ESG nas empresas
A incorporação de práticas de ESG traz inúmeros benefícios para as empresas, em especial em uma era de mudanças ágeis e complexas. Ao implementar e internalizar a agenda de responsabilidade ambiental, social e de governança, as organizações atraem diversos investidores, além de consumidores e funcionários mais engajados nessas questões.
Outro ponto importante é que as empresas que promovem boas práticas ambientais, sociais e de governança conquistam mais lucratividade e geram melhores resultados, agregando valor de mercado a longo prazo. Além disso, elas também são mais resilientes e passam a ser mais valorizadas na Bolsa de Valores.
Atualmente os chamados investimentos responsáveis têm movimentado pelo menos US$ 30 trilhões em ativos sob a gestão de fundos de investimentos ao redor do mundo. E esses recursos são aplicados apenas em negócios e empresas com práticas sustentáveis.
Boas práticas
Agora que você já entendeu o que é a Agenda ESG e a importância de implementar e internalizar o tripé da sustentabilidade corporativa, como desenvolver uma estratégia ESG para sua empresa?
Para começar, é importante se inspirar em ações desenvolvidas por outras empresas em questões ambientais, sociais e de governança. Veja alguns exemplos de boas práticas a seguir:
Ambiental
Existem inúmeras ações possíveis para se atuar no E de ESG, desde a digitalização de documentos para reduzir o consumo de papel, até mesmo a criação de novas tecnologias para a preservação do meio ambiente.
Nesse sentido, a partir da parceria entre a Vale, o Instituto Imazon e a Microsoft, foi possível desenvolver uma plataforma usando inteligência artificial para monitorar, em tempo real, o desmatamento da Amazônia.
Saiba mais sobre o PrevisIA aqui.
Social
Como dito anteriormente, 94% dos ODS dizem respeito a direitos humanos. E dentre esses direitos, existem várias causas que movem as empresas em sua atuação social. Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso escolher as causas que são importantes para a sua empresa. Educação de qualidade? Igualdade de gêneros? Apoio às causas indígenas?
As causas são variadas mas, historicamente, as empresas brasileiras costumam apoiar ações nas áreas de educação e cultura (em especial, por meio de incentivos fiscais e da Lei Rouanet). Apesar disso, um dos legados da pandemia foi, também, a elevação dos investimentos sociais privados na saúde (e você pode saber mais sobre isso aqui).
Na educação, o Itaú Educação e Trabalho desenvolveu uma plataforma para apoiar na disseminação e implementação da educação profissional e tecnológica no Brasil. Saiba mais sobre a iniciativa aqui.
Governança
Construir uma fábrica de vacinas é um desafio enorme, ainda mais quando envolve 75 empresas, que financiaram o projeto da nova Fábrica de Vacinas do Butantan, e a gestão pública.
Para organizar todo o processo, a Comunitas desenvolveu e implementou uma metodologia inovadora de governança para garantir a transparência da gestão dos recursos, das obras civis e das demandas governamentais e da sociedade.
Saiba mais sobre a estratégia de governança implementada para apoiar na construção da nova Fábrica de Vacinas do Butantan aqui.
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