Último relatório BISC revela um cenário de evolução e adaptação do ISC frente às demandas sociais e ambientais
O campo do investimento social corporativo vem ganhando espaço no Brasil, à medida que empresas e organizações buscam contribuir para o desenvolvimento social e ambiental do país. As tendências atuais indicam uma evolução no ISC, em resposta às demandas da sociedade e do ambiente global em constante transformação, refletindo mudanças significativas para atender às necessidades atuais.
Ao longo dos anos, o BISC vem aprimorando seus processos para acompanhar as tendências globais no investimento social e responsabilidade social corporativa, com o objetivo de apoiar as empresas a melhorarem a gestão de seus investimentos sociais, contribuindo assim para o fortalecimento do investimento social corporativo no Brasil.
Entretanto, quais foram as tendências, desafios e oportunidades identificados pelo BISC em 2023 para o Investimento Social Corporativo e seu impacto nas empresas e na sociedade?
Descubra no texto a seguir.
Alinhamento ao negócio aparece como agenda consolidada
O alinhamento entre o investimento social e o negócio vem sendo percebido por investidores sociais como uma tendência já há algum tempo. Com o passar dos anos, emergiu o reconhecimento de que esse movimento está em consolidação e passou a ser visto como estratégico.
A última edição da pesquisa BISC indicou que o alinhamento entre investimento social e os negócios é consenso entre os investidores sociais da Rede BISC. É cada vez mais reconhecida a capacidade de essa abordagem gerar uma relação de ganha-ganha, visto que o setor corporativo consegue estreitar os laços com as comunidades onde atuam e fortalecer suas reputações. Tal alinhamento vem ancorado na percepção de que tanto o impacto social quanto o negócio podem se beneficiar mutuamente.
Coalizões para o fortalecimento do ISC
Foto de Cytonn Photography na Unsplash
O BISC salientou a importância das parcerias entre empresas, governos e sociedade civil para ampliar o impacto das ações sociais, especialmente considerando que o volume de recursos movimentado pelas companhias em investimento social é bastante aquém das necessidades do país e do orçamento público. Identificou-se a necessidade de uma abordagem integrada e alinhada às políticas públicas para que o ISC possa produzir resultados significativos, com destaque para a importância de estabelecer parcerias e coalizões.
No entanto, foram reconhecidos diversos desafios na implementação dessas coalizões, como a aversão após experiências negativas passadas, dificuldades de colaboração devido a diferenças ideológicas e preocupações com compliance e riscos de associação com corrupção. Também foram levantados contrapontos em relação ao redirecionamento do ISC para ganho de escala e impactos de longo prazo, destacando preocupações com possíveis desassistências imediatas e o enfraquecimento da sociedade civil e organizações locais.
Diante dessas questões, surge a necessidade de uma atuação híbrida para o ISC, que concilie o alinhamento com políticas públicas e a atuação direta nas comunidades. Essa abordagem pode potencializar o impacto das ações sociais corporativas, influenciando positivamente a política pública e mitigando riscos associados à atuação individual das empresas.
Pautas climática e racial ganham priorização
O BISC 2023 destacou, além disso, tendências emergentes que estão ganhando destaque como foco crescente para o setor. Uma delas é o aumento do investimento em causas emergentes, como a questão climática, que vem ganhando destaque como área prioritária para o ISC. Isso reflete uma mudança nas demandas da sociedade e nas preocupações corporativas com o impacto social e ambiental, da mesma forma que reflete a necessidade das agendas públicas de mitigação e adaptação climática.
O reconhecimento da importância dessas questões está impulsionando um redirecionamento dos recursos filantrópicos corporativos para iniciativas que abordem esses desafios de forma eficaz, o que inclui não apenas ações de resposta imediata a desastres climáticos, mas também esforços de conservação, adaptação e resiliência para lidar com as mudanças climáticas a longo prazo.
Para ilustrar esse movimento – ainda em curso e com grande potencial de crescimento -, destaca-se a ampliação da presença do ISC no enfrentamento aos efeitos de desastres naturais e calamidades públicas. Em 2022, 77% da Rede BISC declarou direcionar recursos para ações de apoio emergencial aos territórios, aumento de 52 pontos percentuais em relação a 2020.
Outra questão emergente e de forte potencial de elevação identificada pelo BISC é a importância da diversidade, com especial ênfase na questão racial. O BISC identificou um aumento significativo de 32 pontos percentuais no reconhecimento da população negra como população-alvo intencional do investimento social corporativo. Em 2020, apenas 6% das empresas da rede mencionaram essa parcela da sociedade como contemplada intencionalmente por projetos específicos. Em 2022, esse número subiu para 38%.
A importância do investimento de impacto e os desafios da insegurança jurídica para o fortalecimento do ISC
Em sua última edição, o BISC buscou aprofundar a discussão acerca das várias facetas do ISC e como o mesmo vem evoluindo em resposta às mudanças sociais, econômicas e políticas, destacando a tendência do aumento do interesse no investimento de impacto.
Investimentos de impacto visam alcançar resultados mensuráveis tanto em termos socioambientais quanto financeiros. Assim, eles podem englobar não apenas iniciativas direcionadas explicitamente para questões socioambientais, mas também projetos de empresas, fundações, institutos e governos que buscam equilibrar ganhos econômicos com a capacidade de gerar impacto social positivo que possa ser quantificado.
O ISC é parte importante da estrutura do ecossistema de investimentos de impacto, por oferecer capital catalítico e paciente. No entanto, o BISC capturou um recuo temporário do ISC devido a um cenário de insegurança jurídica, o que limita a atuação das empresas nessa área. Tal imprevisibilidade leva as empresas a hesitar na tomada de decisões de longo prazo, como contratações, financiamentos, investimentos e inovações, devido ao medo do que pode vir a acontecer no futuro. Essa situação não apenas dificulta o processo decisório, como também cria um ambiente de litigância constante, acarretando em custos adicionais para pessoas, empresas e governo.
“Entre os fatores que contribuem para a insegurança jurídica, está o desequilíbrio na relação entre os Poderes da República. Outro problema é que o Estado figura entre os maiores litigantes e sua baixa eficiência política e administrativa é uma das causas do permanente déficit fiscal, o que aumenta as incertezas”, explica o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga de Andrade, em artigo para a Veja disponível para consulta no link acima.
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