No dia 05 de setembro é celebrado o Dia da Amazônia. A data, que foi instituída no calendário nacional em 2007, surgiu com o objetivo de reafirmar a importância da floresta tropical não só para o Brasil, como para o mundo, além de conscientizar sobre a urgência da preservação desse bioma.
Apesar de sua relevância, as diversas atividades predatórias colocam em risco a existência da floresta amazônica. A maior alta do desmatamento dos últimos 15 anos, inclusive, tem reduzido a capacidade da Amazônia de reter o dióxido de carbono na atmosfera e, em alguns casos, várias áreas da mata podem até estar liberando mais gases causadores do efeito estufa do que conseguem armazenar, contribuindo para o aquecimento global.
O cenário do desenvolvimento e da sustentabilidade do bioma amazônico tem preocupado inúmeras lideranças, tanto a nível global quanto nacional, sendo os esforços destes últimos direcionados à Amazônia Legal. Isso porque há o reconhecimento do papel e da importância da Amazônia para a diversidade cultural, a biodiversidade e o equilíbrio climático a nível mundial.
O movimento ESG e as metas “race to zero”, que grandes corporações e fundos de investimento têm encabeçado, precisam convergir com a Amazônia. O setor privado brasileiro tem um relevante papel na região, que é tão importante para o mundo e para a economia do país.
Importância dos setores público e privado para o desenvolvimento sustentável da Amazônia
A preservação do bioma amazônico, portanto, é fundamental para a continuidade da vida no planeta. E a sua importância impacta diretamente o mundo dos negócios. O setor empresarial brasileiro chegou a enviar um manifesto para o governo federal, em 2020, em que cobrava uma atuação mais assertiva no combate ao desmatamento.
O desmatamento não é bom para os negócios e nem para a economia brasileira. Isso porque os maiores consumidores das commodities, como a União Europeia, já sinalizaram que não vão consumir produtos brasileiros que estejam vinculados ao desmatamento.
É extremamente importante pensar em ações que, além do setor privado e da sociedade civil, possam, também, envolver o Poder Público, com o objetivo de reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Afinal, é do uso da terra, do desmatamento e da agropecuária que vêm 70% das emissões de carbono no Brasil.
De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil desmatou cerca de 13 mil km² apenas em 2021 e, até maio deste ano, já tinha desmatado mais quase 3 mil km².
A corrida para conter as mudanças climáticas possivelmente irá ditar os rumos da economia global nos próximos 20 anos. E o Brasil, que poderia tomar a dianteira nessa corrida por abrigar a maior parte da maior floresta do mundo, tem ficado na “lanterna” do campeonato.
Em cerca de uma década (entre 2005 e 2015), o Brasil foi um dos países que mais reduziu emissões de carbono no mundo, apenas pelo expediente de fortalecer as políticas públicas de combate ao desmatamento. A partir disso, o país passou a atrair investimentos estrangeiros em diversos setores, em especial no que se refere ao Fundo Amazônia, que recebia aportes bilionários de países como a Noruega e a Alemanha.
Dados dos investimentos sociais corporativos na região
De acordo com a 14ª edição do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), pesquisa publicada anualmente pela Comunitas com o intuito de orientar empresas e/ou seus institutos e fundações na gestão da responsabilidade social, com foco na ampliação da qualidade e do impacto do investimento social corporativo, é inegável que as comunidades locais e indígenas possuem papel central no uso sustentável e na conservação da biodiversidade amazônica, possuindo conhecimento único sobre os sistemas agrícolas, aquáticos e agroflorestais. Portanto, mesmo a situação sendo crítica, há um importante potencial para a mudança, na qual o setor privado tem condições de exercer um papel de protagonista.
Por meio dos respondentes da pesquisa, o BISC mapeou que em 2020 foram alocados, pelo menos, R$ 28 milhões em recursos na região da Amazônia Legal, dos quais 42% são provenientes de incentivos fiscais. Nesse mesmo sentido, quando questionados sobre o comportamento dos investimentos na região nos últimos três anos (2018 a 2020), 40% deles indicaram crescimento/fortalecimento da atuação empresarial localmente.
Outro ponto importante a se destacar é que, de 69% das empresas que possuem algum tipo de atividade econômica na região da Amazônia Legal, 62% da Rede BISC possuem investimentos socioambientais. E destes 69%, 50% informam que o compromisso com a região amazônica está formalmente inserido na estratégia de atuação da organização.
Desenvolvimento + preservação da Amazônia: é possível?
Para desenvolver uma estratégia de atuação social na região, é necessário levar em consideração as dimensões social, ambiental e econômica, bem como respeitar as peculiaridades territoriais deste bioma brasileiro e suas respectivas necessidades. Ao se pesar todos esses fatores, a intervenção local pode ser mais assertiva.
Nesse sentido, os dados levantados pelo BISC revelam que, em 2020, a maior parte dos investimentos sociais das empresas foi nas áreas de desenvolvimento local/territorial/comunitário de base, com 86%, e assistência e desenvolvimento social/combate à pobreza e fome, com 57%. Essas atividades são relacionadas às “ações específicas”.
Os institutos e fundações também atuam nessa frente, uma vez que 67% se refere à área de trabalho, empreendedorismo e geração de renda. Ademais, os institutos marcam presença, majoritariamente, na área de educação (67%), ligada às “ações estruturantes”. No que se refere à cultura, há uma participação modesta, na medida em que 43% das empresas e 17% dos institutos e fundações atuam nesta agenda na Amazônia Legal, relativa às “ações transversais”.
Confira mais informações sobre as áreas de atuação social da Rede BISC no gráfico abaixo:
Em termos gerais, é possível inferir que a maior agenda de atuação da Rede BISC na Amazônia Legal é a de desenvolvimento local/territorial/comunitário/de base (78%), seguido de áreas sociais, como geração de renda (56%) e educação (56%).
Estratégias de atuação das empresas na Amazônia Legal
O fortalecimento de organizações, grupos e comunidades se configura como a estratégia de atuação com maior incidência da Rede BISC, 80% das empresas e 67% dos institutos e fundações. Ainda assim, o direcionamento estratégico entre eles é distinto em outros casos.
As empresas investem energia em ações de mobilização (40%), no atendimento direto ao público-alvo dos projetos/programas (40%), bem como no apoio e/ou fomento às cooperativas e associações de manejo e beneficiamento de produtos da floresta (40%).
Enquanto isso, os institutos e fundações se dedicam ao ensino e à capacitação de crianças, jovens e membros das comunidades (67%), à articulação e ao fortalecimento de redes (50%) e ao apoio no desenvolvimento de políticas públicas (50%).
Confira mais no gráfico abaixo:
Crédito da imagem: Pesquisa BISC 2021
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