Durante o encontro, especialistas convidados discutiram como o investimento social corporativo pode fortalecer a resposta às crises climáticas e promover a resiliência em municípios brasileiros

Crédito da Imagem: Aline Mendes/Vitor Tuão
Na manhã desta terça-feira (26), a Comunitas realizou o lançamento físico da publicação “Guia para o Enfrentamento às Emergências Climáticas: Estratégias de Colaboração Pública e Privada”. Na ocasião, também foram apresentados os principais resultados da 17ª edição da pesquisa BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo), que atualiza o panorama detalhado sobre o tema no Brasil.
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O evento, que contou com a presença de cerca de 60 pessoas, entre lideranças empresariais de responsabilidade social, lideranças públicas e de organizações do terceiro setor, foi dividido em dois momentos. O primeiro abordou o cenário do investimento social no país, destacando dados como a evolução do investimento social corporativo, suas fontes de financiamento, os setores econômicos envolvidos e a distribuição desses investimentos por diferentes áreas sociais.
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Na sequência, foi realizado um painel com lideranças públicas e privadas do setor de responsabilidade social corporativa que debateram oportunidades de colaboração entre os setores público e privado para enfrentar os desafios climáticos. O debate tomou como base o Guia, elaborado pela Comunitas em parceria com o Climate Hub do Columbia Global Center Rio de Janeiro.
A publicação reúne dados, experiências práticas e insights de lideranças públicas e privadas, apresentando modelos colaborativos e soluções inovadoras para reduzir vulnerabilidades, mitigar riscos e preparar comunidades para os impactos das mudanças climáticas. Parte das descobertas do Guia foram construídas a partir de dados coletados no questionário da Pesquisa BISC, sendo também incorporadas em seu relatório final, ampliando as reflexões sobre o tema.
O debate foi moderado pela Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas, Patricia Loyola, e contou com a participação do Secretário de Estado Adjunto da Reconstrução Gaúcha (RS), Gabriel Fajardo; do Chefe-executivo de Resiliência e Operações do Município do Rio de Janeiro (RJ), Marcus Belchior; da Head da B3 Social, Fabiana Prianti; da Gerente de Gestão de Programas do Instituto Votorantim, Ana Paula Bonimani; e da Gerente do Instituto Itaúsa, Natália Cerri.
Painel: Enfrentamento às Emergências Climáticas: Estratégias de Colaboração Pública e Privada
O debate promoveu uma série de discussões importantes sobre a gestão pública e a resposta a emergências climáticas, com a participação de especialistas que compartilharam suas experiências e desafios. Um dos tópicos abordados foi a governança na alocação de recursos emergenciais, com foco nos problemas causados pela falta de planejamento adequado e instrumentos para parcerias estruturadas.
Ao longo do debate, foi destacada a dificuldade em manter a continuidade administrativa e o comprometimento durante a fase de reconstrução, o que pode prejudicar a eficácia dos investimentos e desestimular a participação do setor privado. O caso do Rio Grande do Sul reforçara a necessidade de uma governança sólida, com marcos normativos claros e indicadores de impacto para garantir a utilização eficiente dos recursos.
“A descontinuidade entre administrações públicas em diferentes níveis – municipal, estadual e federal – compromete a eficácia dos investimentos e enfraquece a confiança do setor privado, que precisa de clareza e previsibilidade para direcionar recursos a projetos de impacto”, destacou Fajardo.
Outro tema relevante foi a resposta emergencial e a resiliência educacional em contextos de crise. A necessidade de ampliar as ações para além de iniciativas como a distribuição de cestas básicas foi salientada, com exemplos de apoio a comunidades afetadas, incluindo a entrega de eletrodomésticos para ajudar no restabelecimento das famílias. A importância de garantir a resiliência educacional foi enfatizada, com a implementação de campanhas e parcerias que asseguram a continuidade do aprendizado, mesmo em tempos de adversidade.
Nesse sentido, Fabiana Prianti destacou o impacto profundo que crises como essas geram na educação, com consequências amplas e duradouras.. “Escolas são afetadas, crianças ficam fora das salas de aula e isso compromete o aprendizado, gerando atrasos significativos. A pandemia já nos mostrou as consequências desse cenário, como o aumento da evasão escolar e os impactos na economia das famílias, muitas vezes forçadas a colocar crianças e jovens no mercado de trabalho, o que agrava questões como o trabalho infantil”, declarou ela.

Crédito da Imagem: Aline Mendes/Vitor Tuão
A gestão urbana frente às transformações climáticas também foi um tema central, com destaque para a criação de estruturas públicas, a exemplo do Centro de Operações e Resiliência do Rio de Janeiro (COR) que, após eventos climáticos extremos que atingiram a cidade em 2010, passaram a integrar dados e ciência em seus processos decisórios.
Além disso, foram discutidos projetos voltados para a construção de infraestruturas resilientes, como piscinões e sistemas de alerta em áreas de risco, que exemplificam a adaptação urbana às mudanças climáticas. Destacou-se, ainda, a importância de adotar indicadores de resiliência e de participar de iniciativas globais para fortalecer a capacidade local de adaptação.
Marcus Belchior explicou a importância do COR na formulação de políticas públicas em diversas áreas, como infraestrutura, educação e saúde. “Recentemente, por exemplo, foi criado um comitê de protocolos de calor para enfrentar cenários climáticos extremos. Esse comitê, composto por diferentes secretarias e baseado em ciência, desenvolveu protocolos de adaptação e restrição para minimizar os impactos do estresse térmico na população”, contou ele.
Levando em consideração que nem todas as cidades brasileiras têm a mesma capacidade de atuar no enfrentamento às emergências climáticas, o debate trouxe iniciativas voltadas para pequenos municípios, com programas que ampliam a capacidade de resposta local às tais crises.
Entre as iniciativas, pode-se destacar a Ação Climática do Instituto Votorantim, programa que reúne ferramentas e estratégias para apoiar municípios no enfrentamento aos desafios climáticos. A iniciativa inclui o Índice de Vulnerabilidade Climática dos Municípios (IVCM), que avalia a exposição de cada localidade a riscos como alagamentos, deslizamentos, secas e queimadas, oferecendo dados para fortalecer a resiliência, especialmente em municípios de menor porte.
Complementando o índice, o programa disponibiliza gratuitamente um Checklist de Preparação para Crise Climática, que orienta gestões municipais na identificação de rotas de ação em áreas como governança, integração da agenda climática e gestão de riscos de desastres. Além disso, a Ação Climática implementa mentorias estruturantes, como a AGP Ação Climática, um programa de médio prazo voltado ao fortalecimento institucional e à capacitação de servidores públicos para a adaptação climática e a construção de resiliência nos territórios.
“Esses esforços foram fundamentais, pois municípios pequenos enfrentam maiores dificuldades de acesso a recursos, informações e capacitação”, explicou Ana Paula. Por fim, foi destacada a importância de fortalecer a adaptação às mudanças climáticas por meio de pesquisas, projetos e parcerias voltadas para a resposta a eventos extremos e a construção de um futuro sustentável. Para isso, é essencial uma abordagem integrada entre empresas, governos, sociedade civil e academia. “No Instituto Itaúsa, temos trabalhado intensamente em temas de adaptação e resiliência. Estamos desenvolvendo iniciativas em transição dos sistemas urbanos. Estamos criando pesquisas, protocolos e materiais para fomentar a resiliência urbana”, explicou Natália Cerri.
Nesse contexto, o Instituto Itaúsa tem investido em iniciativas como o apoio a brigadas voluntárias de combate a incêndios, o desenvolvimento de ferramentas para avaliar a vulnerabilidade de municípios e a promoção de práticas sustentáveis nas empresas de seu portfólio.
A chave para um futuro mais resiliente está na colaboração. Baixe o “Guia para o Enfrentamento às Emergências Climáticas: Estratégias de Colaboração Pública e Privada” agora mesmo!
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