Parcerias entre empresas, governo e OSCs maximizam o impacto social através da colaboração intersetorial
As parcerias entre governos, empresas e organizações da sociedade civil (OSCs) são um meio fundamental para atingirmos objetivos sociais, não à toa está entre um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o ODS 17: parcerias e meios de implementação. Ao longo dos anos, o BISC tem enfatizado a importância estratégica das parcerias intersetoriais para a ampliação e fortalecimento dos impactos do investimento social corporativo (ISC) e demonstrando que essa tendência está se consolidando entre os investidores sociais da rede.
Ao trabalharem em rede, empresas, governos e sociedade civil podem compartilhar recursos e conhecimentos, potencializando significativamente o impacto das ações sociais.
Mas o que são parcerias? Qual é a importância do alinhamento do ISC às políticas públicas? Descubra isso e muito mais no texto a seguir!
Foto de Vardan Papikyan na Unsplash
Parcerias intersetoriais: definição
No BISC 2021, trouxemos que as parcerias são definidas como projetos intersetoriais formados explicitamente para tratar de questões e causas sociais que envolvam ativamente os atores em uma base contínua, podendo ser projetos de curto ou longo prazos, restritos e mais orientados para interesses das partes, como ações específicas em comunidades no entorno de instalações, ou amplamente orientados para o interesse comum, como plataformas para advocacy.
As parcerias entre os setores, portanto, envolvem a vontade voluntária de colaborar, onde diferentes entidades se unem com o objetivo de alcançar uma finalidade pública. Essa colaboração é impulsionada pela habilidade dos parceiros em realizar coletivamente algo que não poderiam fazer tão bem separadamente, buscando maximizar o impacto das ações em benefício da sociedade.
Tendência de atuação híbrida do ISC entre impactos diretos e sistêmicos
Os investidores sociais da Rede BISC reconhecem a importância do alinhamento do ISC às políticas públicas para ampliar a escala e o impacto das ações de investimento social. Por outro lado, ainda existe um receio em implementar parcerias com governos e sociedade civil para este fim. O BISC 2023 identificou diferentes desafios para a implementação de parcerias e coalizões sob a ótica das empresas, entre os quais a aversão após experiências negativas passadas, dificuldades de colaboração devido a diferenças ideológicas, preocupações com exposição de marca junto a outras organizações, compliance e riscos de associação com corrupção.
Além disso, investidores sociais da Rede BISC também identificam riscos de que o redirecionamento total do ISC às políticas públicas venha a gerar um esvaziamento de ações de pequena escala, mas de efeitos imediatos sobre a população afetada, o que seria altamente prejudicial a grupos populacionais que seriam desassistidos devido a uma mudança de foco do ISC. No mesmo sentido, tal realocação de esforços poderia provocar enfraquecimento da sociedade civil e das organizações que estão no dia-a-dia dos territórios e que são parceiras estratégicas das empresas no atendimento social às comunidades.
Identifica-se, portanto, o potencial de o ISC combinar uma atuação direta nas comunidades com o apoio à política pública e a busca por mudança sistêmica. Investidores sociais da Rede BISC têm defendido uma atuação híbrida do ISC, na qual se busca uma estratégia consistente entre a atuação direta nas comunidades de interesse da empresa e o apoio à política pública por meios como a produção e disseminação de conhecimento, defesa de causas e apoio ao advocacy, capacitação e fortalecimento de capacidades estatais – a exemplo do que vem ocorrendo na área da Saúde.
O envolvimento de entidades do terceiro setor em projetos de ISC
O terceiro setor desempenha um papel fundamental no Brasil, com suas cerca de 800 mil organizações que atuam na área. No BISC 2023, identificamos que as parcerias com entidades do terceiro setor seguiram cumprindo função importante na agenda social corporativa. Praticamente todas as organizações da Rede BISC (95%) declararam envolver tais organizações na realização dos investimentos sociais. O repasse mediano das organizações da Rede BISC a entidades sem fins lucrativos foi de R$ 6,6 milhões. Em relação ao total da carteira de ISC, os repasses às OSCs representaram 37% do ISC em termos medianos.
Na pandemia, vale lembrar, a sociedade civil foi absolutamente fundamental no enfrentamento aos efeitos da crise sanitária. Mais de 2 mil OSCs receberam apoio das empresas da Rede BISC e os repasses foram próximos a R$ 2 bilhões.
O cenário atual mostra cifras naturalmente bem menores (949 OSCs apoiadas e repasses de R$ 147,3 milhões, segundo o BISC 2023), em meio a um intenso processo de planejamento estratégico das áreas sociais das empresas em resposta aos aprendizados da COVID-19 e às maiores pressões de mercado e da sociedade para a adoção de uma agenda mais robusta de desenvolvimento sustentável.
Ademais, investidores sociais da Rede BISC abordaram uma preocupação sobre a falta de diversidade de entidades do terceiro setor presentes em iniciativas de ISC. Existe o risco de que as parcerias sejam estabelecidas apenas com um conjunto limitado de organizações, resultando na exclusão estrutural de muitas outras organizações e territórios, gerando a apreensão de como as empresas podem alcançar novos atores e territórios para ampliar e diversificar as vozes envolvidas.
Parcerias entre empresas
De acordo com o BISC 2022, a Rede BISC indica que a atuação em parceria com outras empresas em questões complexas a partir do envolvimento da cadeia de fornecedores na responsabilidade social devem incentivar parcerias com outras empresas nos próximos anos.
A análise dos fatores que podem impulsionar o fortalecimento da atuação social conjunta entre empresas revela algumas tendências. Em primeiro lugar, a identificação de problemas públicos que exigem uma abordagem coletiva emerge como um catalisador importante para o estabelecimento de parcerias entre empresas, sendo mencionada por 75% dos respondentes.
Além disso, a participação de instituições dedicadas a promover parcerias no desenvolvimento de projetos sociais desempenha um papel determinante, mencionado também por 75% dos participantes. Essas entidades facilitam a conexão entre empresas, fornecendo recursos, expertise e estrutura para a implementação de iniciativas conjuntas.
Por fim, o alinhamento dos investimentos sociais aos interesses do próprio negócio surge como um motivador essencial para o trabalho conjunto entre empresas, sendo citado por 63% dos respondentes. Quando os objetivos sociais se alinham com as metas e estratégias de negócio, as empresas encontram incentivos adicionais para colaborar, seja com parceiros na cadeia de fornecedores, em diferentes setores ou, ainda, dentro do mesmo setor.
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