OS INVESTIMENTOS SOCIAIS E OS DIREITOS HUMANOS NA POLÍTICA CORPORATIVA DE SUSTENTABILIDADE

Como os direitos humanos se inserem na gestão das políticas corporativas de sustentabilidade?

Ganhou força, nas últimas décadas, o reconhecimento de que a proteção dos direitos humanos deve ser parte integrante das políticas corporativas voltadas à promoção do desenvolvimento sustentável. Esse tema foi tratado nessa edição do BISC e os resultados obtidos são positivos, especialmente quando a questão se refere à gestão dos negócios. Em dois terços das empresas a agenda dos direitos humanos está formalmente inserida nos seus compromissos empresariais. Ademais, a maior parte dos participantes revela interesse em questões dessa natureza – 73% deles declaram utilizar os Princípios do Pacto Global e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável como referência para a gestão da sua agenda de sustentabilidade e de defesa dos direitos humanos. Alguns resultados da pesquisa são destacados a seguir:

  • Em 92% das empresas, o compromisso com o desenvolvimento sustentável está formalmente integrado na cultura e na estratégia da organização.
  • Em 67% das empresas a promoção dos direitos humanos está expressamente contemplada nos compromissos com o desenvolvimento sustentável.
  • Em 50% das empresas a violação dos direitos humanos está explicitamente inserida nas avaliações dos impactos sociais, reais e potenciais, gerados pelas suas operações.
  • 46% das empresas possuem uma política institucional que define os compromissos e as práticas relativas à promoção dos direitos humanos aprovada pela alta direção ou pelo conselho de administração.
  • 38% das empresas mantêm programas internos de sensibilização e de educação sobre o tema dos direitos humanos.

Em que medida o investimento social está inserido na política corporativa de direitos humanos?

A pauta de direitos humanos está mais presente na política interna e na gestão dos negócios do que na política de investimentos sociais das empresas. Na esteira do alinhamento dos investimentos sociais às estratégias de gestão dos negócios cabe explorar, também, as relações entre investimentos sociais e promoção dos direitos humanos, no âmbito da política corporativa de sustentabilidade. Os resultados extraídos do BISC revelam a necessidade de avanços nessa direção: em apenas 36% das empresas os investimentos sociais são parte integrante da política corporativa de direitos humanos. No entanto, mais 21% delas declaram a intenção de avançar nesse alinhamento, no curto ou médio prazos.

 

Na percepção dos gestores, qual o papel das empresas em relação à proteção dos direitos humanos?

Considerando a visão dos gestores sociais, são boas as perspectivas de alinhamento dos investimentos sociais à pauta dos direitos humanos. Predomina o reconhecimento de que as empresas têm um papel relevante a cumprir nesse campo. Assim é que, a maioria dos respondentes concorda totalmente com a afirmação de que é papel das empresas proteger os direitos humanos, independentemente dos impactos gerados pelos seus empreendimentos, e que devem contribuir para o fortalecimento das políticas públicas dessa área.

 

Quais os maiores desafios para ampliar a dimensão dos direitos humanos nos investimentos sociais e alinhá-los à gestão dos negócios?

A dificuldade de ampliar o engajamento em prol da defesa dos direitos humanos, não só das empresas, mas de diversos setores da sociedade, pode ser atribuída, em parte, ao fato de que no Brasil direitos humanos são frequentemente associados a questões ideológicas ou à defesa de quem não merece. Isso foi detectado no BISC e é confirmado em pesquisa realizada pela Ipsos* cujos resultados indicam que dois, em cada três entrevistados, acreditam que os direitos humanos defendem mais bandidos que vítimas. Não obstante, a mesma pesquisa detecta que 63% dos brasileiros são a favor dos direitos humanos, apesar das discordâncias em relação à maneira como são aplicados.

Foi com o objetivo de estimular as empresas a ampliarem as conexões dos investimentos sociais à agenda dos direitos humanos, e alinharem essa atuação a novos desafios relacionados à sustentabilidade e às demandas da sociedade, que esse tema foi tratado no BISC de 2019. Os resultados foram estimulantes. Há espaço para essa ampliação, porém será necessário contornar as dificuldades relacionadas, por exemplo, à percepção negativa em relação ao tema, conforme assinalado por mais da metade das empresas; à identificação de bons projetos de promoção de direitos humanos para serem apoiados; e à garantia de escala nos projetos sociais dessa natureza, de acordo com 62% e 46% dos respondentes, respectivamente.

 

1. A pesquisa “Human Rights in 2018 – Global Advisor” da Ipsos, foi feita em 28 países, incluindo o Brasil, com 23,2 mil entrevistados, entre os dias 25 de maio e 8 de junho. In: https://www.ipsos.com/ptbr/63-dos-brasileiros-sao-favor-dos-direitos-humanos

Qual o grau de adesão das empresas e dos institutos aos ODS?

Lançados pela ONU, em 2016, as questões abordadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estão sendo rapidamente incorporadas como referência para os investimentos sociais do grupo. Os resultados do BISC revelam que 62% das empresas e 88% dos institutos já aderiram aos ODS e, o mais interessante, nenhum dos participantes declara não ter interesse nessa agenda global.

 

O que o grupo BISC está fazendo para incorporar os ODS na agenda dos investimentos sociais?

Para incorporar as dimensões contempladas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável à agenda dos investimentos sociais, mais empresas e, sobretudo, mais institutos estão se dedicando a identificar as possíveis conexões dos seus projetos com os 17 ODS e a promover debates sobre o tema. Merece destaque o fato de que 44% das empresas estabeleceram metas para os seus projetos sociais, conectadas às metas dos ODS; e 71% dos institutos promoveram capacitação de equipes para gerir projetos sociais integrados aos ODS.

 

Quais as maiores dificuldades para integrar os investimentos sociais aos ODS?

Definir metas conectadas aos ODS e medir resultados, permanecem entre as principais dificuldades enfrentadas pelo grupo. Não obstante, na medida em que as empresas vão buscando adotar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, modifica-se a percepção sobre os desafios a serem superados. Em 2019, chama atenção a queda no percentual de empresas que enfrenta dificuldades alta, ou muito alta, para comprometer as diferentes unidades administrativas à proposta de incorporar as diretrizes dos ODS, e para inserir os projetos conectados nas prioridades da organização. Esses resultados confirmam a crescente disposição das empresas de integrar-se à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

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